quarta-feira, 11 de abril de 2007

Vinde a mim o cliente

Vinde a mim o cliente
Muitas pessoas, mas mais intensamente as com especial inteligência ou habilidade técnica, tem verdadeiro pavor de ter que vender e principalmente ter que “se vender". Esse fenômeno é potencializado pelo que Nelson Rodrigues identificou no brasileiro em geral: sofre do “complexo de vira lata”, mesmo sendo lobo ou leão! Os mais sadios ainda tentam compensar essa postura com a filosofia: "vou fazer tão bem feito, que alguém já há de vir e comprar o que faço”. Isto até funcionou por um bom tempo. Hoje, seja pela globalização ou pelo fenômeno sociológico que for, não basta. Precisa-se ir ao mercado imbuído da necessária vontade de vender/vencer.
Essa postura de subserviência, de expectativa que um outro venha e “nos compre”, esse bloqueio interno, tem uma origem razoavelmente comum. Normalmente as pessoas que mais dão vazão ao seu potencial de fazer, criar, etc., e menos a de vender, são as que foram os filhos prediletos das suas mães. Prediletos mas usados como compensação, para suprir alguma necessidade imatura dela.
Principalmente quando se é um destes, se está acostumado a ser servido. E pela mãe, a mulher mais importante do mundo, pelo menos para aquela pessoa! Como reciprocidade, tende-se a fazer bem feito aquilo que é prioritário para quem nos ama especialmente. Isso vale inclusive quando existe desvio de conduta. Muitos deles, pelo menos dos que eu pesquisei, eram apenas uma correspondência à um desejo, inconsciente que fosse, de uma mãe! Às vezes a figura dela pode ser substituída por uma professora, uma avó ou até uma madrinha. Mas sempre existe.
Uma vez que se está acostumado a ser servido, quando se deve servir alguém que não nos ama, como é o mercado, principalmente no início, nos sentimos incapazes, pequenos, traídos. Não é nenhum acaso, que muitos empresários, bem sucedidos e não só economica-mente, numa certa época da sua vida terem sido garçons ou vendedores.
A grande vantagem, quando a pessoa se supera (o que é algo interno, pessoal, que ninguém vai fazer isso por ela!), quando treina, repete, vai de novo, não desiste nem na enésima vez em que não é bem sucedida, num certo momento, “vira a chave”. Todos os que não desistem, apesar das armadilhas que eles mesmos se armam, que superam o bloqueio, se tornam vendedores/vencedores! A megera horrível e feia, como percebem o mercado, vai se transformando numa fantástica mulher, cada vez mais disponível, atraente e com melhores retornos.
Onde está a importância disso tudo? Ser empresário é uma arte superior. Mesmo que a pessoa seja empresário de si mesmo, como são os médicos, os agricultores, por exemplo, ela deu vazão, apenas parcial muitas vezes, ao potencial com o qual os todos os seres humanos nascem. Essa arte é tão bela e qualificada, como é a dos grandes pintores, músicos, etc., com uma característica a mais: ela é o braço operador da Providência Divina, pois o empresário se torna oportunidade e fonte de crescimento de outros e não apenas dos empregados diretos. Por exemplo, sem empresas, não existem impostos que sustentam tantas e tantas outras pessoas.
Qual a atividade mais nobre, mais difícil na superior arte de empresariar? Vender! Portanto, deve-se buscar a venda sempre. Sem jamais se humilhar, pois afinal não se é nenhum vira lata que implora por comida. Vender engloba desde conseguir que nos recebam e deixem demostrar o nosso produto ou serviço, até mobilizar outros com idéias e ideais. E uma vez recebidos, ou na liderança de algo, se não comprarem ou se não nos seguirem, isso significa que é preciso se aprimorar mais ainda. A chave ainda não está “virada”.
Certamente vale a pena, persistir, pois é enorme o crescimento econômico, social e especialmente pessoal (o que tem a ver com felicidade…), que aguarda os que romperem o bloqueio. Olhando depois para trás se verá que não foi tão difícil assim.
O que fazer? Basta se lembrar do que diz uma versão melhorada de um velho provérbio: para uma grande caminhada é necessário dar tantos primeiros passos quantos forem necessários…
Harry Fockink harry@fockink.com.br

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