domingo, 15 de agosto de 2010

Sucesso, qualidade de vida e generosidade

Sucesso, qualidade de vida e generosidade

Numa interessante análise realizada com grupo de pessoas com patrimônio acima de 300 milhões de dólares, entre as muitas coisas pesquisadas, o que chama mais atenção é pode ser feita uma nítida divisão entre os que tinham uma vida plena, com um grande sentido e os demais, que apesar de ricos, não eram felizes e a razão disso.

Entre os que estavam bem consigo mesmos, os felizes, se apresentaram algumas coisas em comum, destacando-se a generosidade e a ambição, que se manifestavam através de uma postura de preocupação com os demais e de uma constante busca da evolução, ou seja, uma sadia e variada inquietude, de crescimento em algum setor de sua vida, pessoal ou espiritual.

Já do outro lado, entre os não felizes e até frustrados, apesar da sua situação financeira, existia em comum a extrapolação da ambição, ou seja, a ganância, o uso unilateral dos outros, a excessiva preocupação consigo mesmos - um enorme egoísmo que se manifestava através de um nítido egocentrismo.

Obviamente, a qualidade de vida do primeiro grupo era imensamente melhor que a do segundo, até porque o dos frustrados ainda sempre manifestava a ocorrência de tragédias significativas, acidentes, familiares envolvidos com drogas ou extremamente revoltados ou algo do gênero. Como se fosse um castigo. Pelo menos esta foi a maneira como descreveram.

O que será causa e o que é conseqüência? Sem dúvida, a postura egocêntrica é a desencadeadora da desgraça. Não se trata de castigo divino, mas é o resultado de uma dinâmica negativa que se formaliza através ou em alguém mais fraco, ingênuo ou menos preparado para a vida.

Isso pode ser modificado? As experiências desenvolvidas com os que estão sendo chamados de frustrados mostraram que, nitidamente, repensar a ganância e o egocentrismo faz todo o sentido.

Para tornar isso um hábito, precisa sentir o quanto é positivo. Uma forma interessante de exercitar a generosidade e ao mesmo tempo a empatia, por assim dizer, o reverso do egocentrismo, é ajudar algum amigo, um conhecido, que esteja em dificuldades. E não apenas com conselhos ou lições de moral. Deve ser financeiramente, por que o dinheiro é a manifestação concreta ao redor da qual gira a vida do egocêntrico – seja de forma consciente ou inconsciente. E por isso ele precisa ser dado a outros. E porque algum amigo? É menos difícil exercitar com alguém próximo o dar “de coração”, ou seja, precisa sentir organismicamente – em todo seu corpo - que vai fazer uma coisa boa para ele mesmo!

Com o tempo a pessoa tende a observar ganhos tão significativos na sua qualidade de vida que irá fazer isso inclusive com estranhos.

O retorno foi tão significativo que a atividade foi recomendada inclusive para os integrantes do primeiro grupo, o dos já felizes, reforçando ainda mais sua qualidade de vida.

Portanto, independente em qual grupo de pessoas nos encontramos, é altamente recomendável a terapia de busca da realização via a generosidade e assim uma espécie de “salvo conduto” em relação a tragédias futuras.

Se for a primeira vez, vale a sugestão da escolha recair sobre alguém da relação da pessoa, desde que esta esteja em dificuldade e a ela seja feito um empréstimo significativo, recomendando apenas que o beneficiado pague quando puder e que passe a fazer o mesmo por outros. Quando esse e outros empréstimos na mesma linha retornarem, pode-se usar o dinheiro para apoiar desconhecidos. O ciclo positivo, a satisfação pessoal que o que o estudo demonstrou que se irá perceber, gerará um sentido de plena realização da sua vida e, interessantemente, o retorno não é só esse. A pessoa fica mais rica ainda.

Essa é uma das explicações porque pessoas que dizimam espontaneamente, seja no mundo cristão evangélico ou no judaico, também são muito mais realizadas e alcançam mais “graças”.

Tem uma notícia ruim nisso tudo. Não espere para ser generoso. Saber que deve sê-lo e não exercitar a atividade aumenta o potencial da ocorrência de novas tragédias.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Investidores e o Ensino Superior do Brasil

Tenho me dedicado a atividade de fusões e aquisições já um bom tempo e em diversas áreas. Ensino inclusive. Um aspecto que observo muito antes de apresentar os potenciais investidores ao pretenso vendedor ou vice versa, dependendo quem me mandatou, é fazer uma boa análise a respeito da compatibilidade das duas empresas, da sua cultura empresarial - do seu DNA. Observo se são complementares e assim haverá um reforço genético ao se juntarem, ou se a inoculação genética tende a gerar um monstro ou afetar o sistema imunológico do novo ser, normalmente implicando em degeneração de ambos. Faço isso mesmo quando se trata de uma aquisição integral, pois os princípios, apesar de se tornarem menos importantes, continuam sendo vitais. Assim, os negócios co m que tenho me envolvido tem sido muito bem sucedidos e gerado excelentes resultados para todos os envolvidos.

Existem algumas combinações genéticas muito interessantes, outras altamente perigosas e ainda as necessárias. Por exemplo, se o investidor não tiver no seu DNA a carga genética educacional, ou seja, já atue muitos anos nessa área e preferencialmente tenha nascido nela, na estratégica e, como se diria a alguns anos, caso de segurança nacional área acadêmica, sua a ingerência é uma das que chamo de perigosa. Ela deverá ocorrer, se tanto, com imenso cuidado e de forma incremental, dando-se um bom tempo aos envolvidos. Já no restante da gestão, especialmente a financeira, a sua expertise de administração profissional certamente é muito bem vinda. Outra área em que há necessidade de muito cuidado é o marketing.

Recentemente li um artigo do Prof. Niskier a respeito da presença de investidores na área da educação e a didática separação que fez entre mantenedora e mantida. Essa abordagem me fez perceber que o setor educacional, especialmente o superior, que tanta atenção tem atraído por parte de investidores, é possivelmente o único em que se pode realmente separar o negócio, a gestão, da operação propriamente dita, o que facilita juntar DNAs. O que pode ser uma grande vantagem, desde que os investidores se dêem conta disso.O Prof. Niskier toca num ponto importante com o qual concordo. Nenhum negócio é um simples negócio, muito menos o ensino. Ainda mais no Brasil. E isso tende a não ser entendido por investidores financeiros puros, com sua ótica exclusiva (ou seria miopia?) na importante, mas não definitiva e não exclusiva bottom line. Qualquer negócio sofre, decai, tende a virar um monstrengo, quando único critério valorizado na cultura de gestão passa a ser o quanto...

Se, por outro lado, o investidor tiver o DNA educacional como seu principal sistema genético e uma história de sucesso acadêmico, ao se aliar a outra instituição bem sucedida, o resultado será uma inoculação muito positiva. Ambos ganham e aprendem,desde que a miscigenação seja intensamente monitorada.

Já se a IES assumida for uma das que envergonham o setor, o comprador tendo o DNA educacional, a abordagem pode ser na linha vini, vidi, vinci. Até porque se ele vini e vinci sabe que, além da bottom line é importante a prestação de um serviço de qualidade, o modelo de gestão e o respeito aos envolvidos.

Existem ainda os casos em que um novo DNA é necessário. Para exemplificar me vem a mente o caso Ulbra. Uma instituição bem sucedida por muitos anos, com um fundador, mentor e gestor com uma história e capacidade realmente admiráveis. Mas, apesar de ser uma chamada confessional (ou será que justamente por isso?) e por razões que merecem uma analise especifica, o DNA se deteriorou. Se tivesse havido uma inoculação genética, há algum tempo, ela certamente proporcionaria benefícios para todos os envolvidos.

Como saber diferenciar entre possíveis predadores cuja carga genética tende a ser perigosa e os demais? Muito simples. DNA sadio implica em uma intensa atenção ao tema educação nas reuniões, mais da metade do tempo. DNA inadequado, é o contrário: apenas resultados interessam.

Como faz para saber se o intermediador vai respeitar o DNA e ficar atento a isso, também é bastante simples. Se ele estiver focado apenas na comissão, certamente qualquer DNA serve...