terça-feira, 17 de abril de 2007

Mestres e Doutores – Assassinos de empresários

Mestres e Doutores – Assassinos de empresários

Devido a falência, se não econômica, estratégica ou moral, do que nos outros países desencadeou e sustenta o progresso, no atual contexto brasileiro as instituições de ensino superior são, possivelmente, as únicas organizações, ou pelo menos as que mais podem contribuir, para que haja uma profunda mudança sócio econômica, para assim obtermos uma adequada justiça social e melhor distribuição de renda. A sua responsabilidade social é enorme. Essa é a razão pela qual decidi escrever esse artigo. O meu posicionamento é duro e direto. Se ele servir para obter apenas mais um aliado, fico satisfeito. A minha expectativa é bem maior. Espero que de uma campanha quixotesca, ela passe a ser uma cruzada.

Não tenho dúvidas quanto ao conteúdo. Durante anos tive contato, como consultor de gestão, com diversas entidades e me dei ao trabalho de observar inúmeras outras.

Segundo a ONU, que catalogou algo como 6416 profissões, a única delas que gera riqueza é a de empresário.

Qual a relação dessa constatação e o ambiente universitário, especialmente o brasileiro?

Como retribuição ao que me proporcionou o país em que nasci, tenho feito palestras e encontros com estudantes, visando estimular o surgimento de empresários, pois só com e através deles para termos a verdadeira justiça social. O empresário, ao se dispor a aceitar riscos, torna-se oportunidade para muitos.

Ao iniciar meus encontros pergunto o que os presentes querem ser no futuro. A grande maioria responde com formações típicas de empregados – enfermeiros, professores ou os quase empregados, autônomos vinculados a organizações como médicos, engenheiros. E quanto mais jovens, apesar de poucos, maior é a quantidade daqueles que dizem querer ser empresários. Esse número vai decrescendo conforme a idade e a formação avança. O pior índice é o final da graduação.

Era de se esperar o contrário. Que pessoas que lecionam no primeiro e segundo grau, até posso aceitar que não estimulem o espírito empreendedor, já que normalmente se limitam a aceitar empregos bastante limitados, mas no nível superior, deveria ser o contrário! A diminuição deveria ser revertida, a disposição de ser empresário deveria ressurgir.

O que, na minha percepção, já que pesquisa é coisa de mestre e dr., ocorre?

O número de professores frustrados com o que fazem, especialmente os mestres e doutores, mas que continuam fazendo, alienados da realidade e verdadeira necessidade de seus clientes, que são os alunos, é enorme. Infelizmente jogam essa frustração sobre pessoas ávidas em absorver modelos e referenciais para a vida. Estas o acabam fazendo, realimentando um ciclo vicioso e perverso.

Isso precisa mudar e para consegui-lo, devemos mudar a forma de avaliar as instituições de ensino. O atual critério, o tal de “conceito”, é completamente distorcido e dá a impressão de ter sido preparado por e para pessoas com interesses corporativistas, no que aceito até estar enganado, pois certamente houve uma enorme boa intenção no seu objetivo, mas a prática não a comprova.

Critério mais importante deveria ser: que futuro se proporciona, na prática para quem se forma? A avaliação deveria ser feita várias vezes – 1, 3 e 5 anos após o estudante estar formado. O argumento de não se ter o controle sobre a atitude do formando, não é válido. As pessoas passam anos à disposição, como alunos. Este tempo deveria ser usado para ensinar conteúdos válidos, para estimular e desenvolver a vontade de fazer, de ser, de ter e assim novamente poder ajudar o ser. No mínimo se formaria melhores empregados. Se os alunos conseguem absorver o negativo, o contrário também pode ser obtido.

Se houver apenas a preocupação por parte do professor, de cumprir horário, fazer algo que permita a sobrevivência para cumprir o seu ciclo biológico, se está cometendo um grande crime: o da mediocrização coletiva. A titulação não tem qualquer validade nesse caso e passa apenas a ser um instrumento pífio para poder dar “carteiraços” irresponsáveis.

Qual a responsabilidade dos reitores?

Total, pois as instituições são um reflexo deles ou com o que estão coniventes.

O que se pode fazer?

Nas ditas públicas, o corporativismo, que é o lado perverso do sadio espírito de corpo, é um grande impeditivo. A capacidade de fazer e obter mudanças por parte do reitor, precisa ser tão grande, que uma pessoa com essas características dificilmente se dispõe a ser um funcionário público.

Nas comunitárias, melhora um pouco pela proximidade da comunidade com a instituição e a cobrança que isso representa quanto ao seu papel. O fato dos dirigentes serem eleitos, os leva a proceder de maneira a aceitar muita mediocridade, para não perder votos, o que faz as chamadas “comunitárias” ter semelhanças com as públicas. Quando o reitor tem o perfil adequado, essas instituições são grandes multiplicadoras de inteligência e riqueza.

Nas confecionais de origem católica, existe uma certa ambigüidade em relação ao lucro, que acaba sendo transmitida para o professor (ou atraindo um certo tipo de personagem) e deste para o aluno, pois não é mais fácil um camelo passar pelo olho de uma agulha do que um rico entrar no céu? Mesmo que a tradução correta seja “amarra de barco” e não camelo, a culpa em ser rico continua existindo. Se estas pudessem contratar um reitor, algum profissional, um empresário que tivesse vendido sua empresa, alguém que tivesse feito história fora do ambiente universitário, isso contribuiria para outra postura da instituição e seus resultados. Essa observação vale também para as comunitárias.

Nas confessionais de outra origem – melhora a postura, mas especialmente pela questão da avaliação, o tal “conceito”, estar também baseado nos mestres e drs., no seu número, não na sua qualidade, estes acabam influenciando mais do que deveriam a cultura institucional. E como a estrutura psicológica destes não é compatível com o empreender, pois fazem questão de ser empregados, muito candidato a futuro empresário é massacrado e desestimulado, mesmo nessas universidades, pela frustração daquele que deveria ser caminho de progresso. Já que ele não tem a coragem de fazer, torna sua missão divina desestimular os outros a fazê-lo.

As privadas, seja qual for a cobertura usada para ter essa denominação, são as que de longe menos massacram. O reitor, normalmente é o dono e assim um empresário bem sucedido, com boas possibilidades, pelo seu nível de exigência, de atrair professores com uma estrutura psicológica sadia. Desde que exerça essa exigência. Quantos reitores fazem avaliações anuais de desempenho e eliminam os inadequados? Outro fator que contribui positivamente é que muitos professores destas instituições usaram a formação, o seu mestrado, doutorado, para evoluir profissionalmente e com freqüência estão presentes na iniciativa privada como executivos, empresários ou consultores. Com isso se expõe a avaliação mais poderosa que existe: o mercado. Os que buscaram seu titulo de mestre ou doutor, apenas por falta de vontade e disponibilidade para se expor a uma avaliação na dura realidade da vida prática, sem opção quanto ao que fazer por não querer enfrentar essa dura realidade, não se sentem bem nessas instituições, as deixam ou se tornam tão inconvenientes que são expelidos ou marginalizados. Tentam se transferir, e pior, até o conseguem, para aquelas onde o que vale é a titulação e não o ser instrumento de evolução.

Quanto mais sadio psicologicamente o reitor, o empresário que as dirige ainstituição, mais isso se reflete nos resultados, nos professores e alunos.

Como houve, não só percepção de oportunidade, mas também oportunismo, ainda sobrevivem alguns “reitores”, que não merecem a oportunidade que estão tendo – ser multiplicadores de inteligência e riqueza! Para saber se a pessoa é do tipo sadio ou do mediocrizante, basta analisar o quanto ela é conivente com o baixo desempenho, postura inadequada de professores, diretores, pro-reitores, insatisfação dos alunos quanto a seu futuro. No caso de aceitar medíocres no processo, independente da desculpa que usem para justificar essa atitude, eles não passam de donos de um tubo. De um lado entra um jovem esperançoso e do outro sai um pré-adulto frustrado, moído por um bando de frustrados que se aproveitam da pureza e ingenuidade dos jovens para massacrá-los. Jovens que muitas vezes passando por enormes sacrifícios pessoais e familiares, para obter essa ”passagem”, o que torna mais perversa ainda a situação.

Para mudar, pode-se começar pelo básico, ter, por exemplo, uma incubadora empresarial. Melhor se a instituição assumir empresas, de bom potencial, mas de pequeno porte, para que haja uma história para analisar, decisões a tomar. Pode-se colocar um responsável com uma boa história, por exemplo, um empresário que tenha feito sua sucessão, para coordenar o processo. Alunos e especialmente professores podem se experimentar na prática. Fica fácil avaliar quem tem condições e merece ser professor e quem não. E numa empresa, absolutamente todas as especialidades, podem se experimentar. Pode-se até proporcionar que um estudante de um curso muito distante do empreender, como biblioteconomia, descubra o seu potencial e vire, por exemplo, um editor. Atitudes assim inoculam a genética da instituição e modificam a cultura dela. Naquelas em que pude acompanhar, ou encontrei o processo implantado, o nível de satisfação, qualidade de vida, motivação, engajamento, de quase todos era muito bom. As pessoas eram felizes, bem mais felizes.

O que fazer com os mestres e doutores? Aqueles que se diferenciam e são multiplicadores de inteligência e riqueza (insisto ad nauseum nestas duas palavras, pois elas são decisivas), devem ser compensados adequadamente. Inclusive na sua remuneração. Para saber quem são, pode-se analisar sua história. Muitas vezes já tiveram oportunidade de demonstrar sua validade e constantemente o fazem, mesmo tendo estado sempre vinculados ao ensino. Para os demais, existem atividades que são bastante adequadas para pessoas com disponibilidade para a teoria, como pesquisa e desenvolvimento, desde que parte dos recursos necessários seja obtida pelo próprio interessado, em empresas ou organizações diferentes da sua, que se beneficiem dos resultados da sua pesquisa. Basta colocar essa regrinha e muitos já desaparecem, pois são bons em reclamar, invejar e enrolar. Podem ainda lecionar matérias que são “enche lingüiça” e que não comprometam a instituição em que lecionam e nem desestimulem os alunos a dar vazão a sua capacidade de fazer, de empreender. No entanto, uma parte deles, deve ser “levada” a buscar alguma atividade mais coerente consigo e com o país em que vivemos e suas necessidades, longe de pessoas normalmente com um bom nível de saúde psicológico, mas ainda frágeis nas suas convicções. Já que não se pode prendê-las por assassinato, pois ainda não é crime o assassinato psicológico, podem trabalhar, por exemplo, com os seus iguais – recuperação de criminosos nos presídios!

Um comentário:

Anônimo disse...

Não podem ensinar o que não sabem e não existe no currículo escolar nenhuma intenção em valorizar o empreendedorismo.Funcionário público não pode ensinar a ser empreendedor.Conto caso pessoal.Estudei em Escola Tecnica Federal e ali nos ensinavam e incentivavam a sermos funcionarios de estatais. Enterraram várias gerações.Foi ali que dois colegas resolveram recuperar sensores queimados de iluminação pública. Cansaram de ganhayr dinehrio e ficaram ricos, enquanto os outros contatram tempo para aposentadoria na CEE,CRT,Embratel, enfim.Para empreender não precisa pensar em ficar rico, mas ser dono do seu nariz e trabalhar muito.Mas o País não ajuda.Que pena!