quarta-feira, 11 de abril de 2007

O Rio Grande do Sul e a Cultura Grenal

O Rio Grande do Sul e a Cultura Grenal


A minha atividade empresarial aliada a ampla pesquisa que fiz para escrever o livro “Liderança, o Poder e a Perversão nas Empresas Familiares”, recentemente lançado, me permitiu comprovar um fenômeno psico sociológico que há muito tempo vinha observando, o auto boicote junto com a investigação dos fatores do sucesso e do insucesso empresarial pude pesquisar os principais entraves do desenvolvimento econômico brasileiro. A manifestação mais explícita desse fenômeno é a inveja e a ogeriza que temos dos vencedores, comprovei minha percepção de que o principal limitador do nosso desenvolvimento é a cultura da inveja.
Como tive oportunidade de trabalhar e de conhecer profundamente diversos outros países pude verificar que em todos os lugares onde o fenômeno se manifesta, como por exemplo algumas regiões da Itália, para utilizar dois exemplos próximos a nós, as conseqüências são similares, existe um nível de desenvolvimento às vezes até elevado, mas bem abaixo do que poderia ser, limitado os benefícios próprios e assim os da coletividade.
No Brasil, as manifestações mais intensas pude observar na Bahia, Rio de Janeiro, mas principalmente no Rio Grande do Sul, tanto que passei a chamar o fenômeno no nosso estado de “Cultura Grenal”. Cultura Grenal quer dizer, ficar mais feliz com a derrota, a queda, os problemas do outro, muitas vezes nem concorrentes do que o próprio sucesso. Historicamente, politicamente, sociologicamente, esportivamente o gaúcho é do contra. Como o nosso contexto econômico é um somatório sinergido quem mais perde é o indivíduo, com isso, ao invés de se superar, de ser também um vencedor, admira os vencedores, se invejam e se combatem. Ao invés de usar a energia pessoal para para evoluir, a pessoa investe boa parte de sua vida para derrubar outros. A perda é mais do que dupla, pois o somatório da evolução é sinergico.
As manifestações mais fortes deste fenômeno pude verificar em atividades onde o sadio sentimento de “Espírito de Corpo” se transforma no mediocrizante e realimentador das frustrações no corporativismo.
Entre as empresas o sistema “Cultura Grenal” se manifesta de muitas maneiras, através de boicotes estúpidos, informações erradas buscando prejudicar a imagem ( fofocas), entre empresários se verifica através de “concursos de beleza” caríssimos e improdutivos. Entre executivos da mesma empresa através de traições, “puxadas de tapete” e “pinduradas no pincel” com elevados custos e desperdícios.
Esportivamente e politicamente, basta analisarmos a história, as melhores fases de um clube, de uma região, um país, ocorrem quando quem dirige, quando que é eleito, se preocupa em se superar e não na busca de um revanchismo mediocrizante, que só realimenta desgraça. O custo pessoal é maior que o econômico, pois assim como a vingança, a inveja manifestada ou não sempre se volta contra a pessoa, pois são sentimentos e necessidades não previstos pela natureza. Para verificar isso, basta observar uma vaca. Alguém consegue imaginar esse animal com inveja ou se vingando de outro?
As origens disso são culturais, religiosas e educação familiar, o que até pode ser analisados futuramente com maior profundidade, pois abriria com isso um interessante e didático debate.
Resultado disso:
Quem é basicamente contra o outro, quem fica feliz com a derrota, ou queda do outro, não consegue ser a seu favor. Não sendo a seu favor jamais será feliz, jamais conseguirá se realizar, realizar o seu potencial. Desenvolver a frustração, uma das principais causas das doenças.
E qualquer doença sempre tem um fator psicossomático que a desencadeia.
Se o indivíduo perde, mais uma vez o coletivo perde e se estabelece um processo de realimentação da mediocridade.
O que fazer?
O primeiro passo de uma mudança, de um processo de evolução é se dar conta e aceitar o fator limitador. Uma vez claramente conscientizada, a pessoa precisa passar por um processo de reeducação consciente; vigiando atentamente e perguntando 2, 3 ou até 5 vezes porque, ou seja , quando vai fazer algo que não seja claramente a favor de seu favor, de perguntar porque está fazendo, tendo uma resposta clara, transformar a resposta em mais um porque. Na maioria das vezes são necessários cinco porquês, que se chegue a verdadeira razão. Aí basta avaliar se vai trazer benefício próprio ou só prejudicar o outro. Normalmente no segundo porquê fica claro se é uma motivação saudável ou não. Vale apena continuar a perguntar para que a pessoa se conheça melhor e assim, com o tempo, passe, deixa de boicotar outros e assim também ser boicotado.
Fazendo disciplinadamente este processo, a partir de 6 a 8 meses ( é necessário persistência! ) começa à fazê-lo inconscientemente e com resultados cada vez melhor.
Além disso, deve-se reconhecer, usar e reforçar os pontos fortes próprios e dos principais aliados. Construir a si e ser instrumento de construção destes aliados, o que é muito mais gratificante, saudável, biológicamente, psicológica e economicamente do que destruir, ser do contra, se excita, ou deseja, ou proporciona a desgraça do outro.

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