quarta-feira, 11 de abril de 2007

Pelotas apenas com o ônus.

Pelotas apenas com o ônus.

Antes que alguém pense em fazer um trocadilho de mau gosto com o título do meu artigo, vou explicar: estou intrumentalizando essa simpática cidade para demonstrar minhas observações sobre a nossa cultura de pouquíssima agressividade comercial.

Os gaúchos são a maior mistura racial do Brasil e talvez do mundo. O que proporciona muitas coisas boas, como o senso estético e criatividade dos italianos, a capacidade de trabalho dos alemães, o respeito a cultura dos portugueses, o "deixa comigo dos espanhóis/argentinos, etc., etc.

No entanto, não ficamos só com o lado positivo, pois se assim não fosse, já teríamos “tomado conta do mundo”.

E nesse caldo de cultura vamos encontrar Pelotas, que tem em excesso tudo o que se apregoa que falta para o Brasil evoluir, dar certo. Educação superior, escola técnica, história, cultura, recursos, apenas para citar o básico. Por que então Pelotas não “dá certo”, se o Brasil daria se tivesse isso tudo? Tem algo que vem antes. A atitude. Sem ela, não adianta o resto.

A dificuldade em ter a “atitude” adequada, em Pelotas, é mais forte que em outras regiões, que nem de longe tem a base dela, devido a perda do primado econômico e social, ou seja, já estiveram “por cima da carne seca”. Tanto que essa expressão deve ter surgido lá nas charqueadas e perderam essa posição para a indústria e serviços de outros locais. Jamais perdoaram isso, só que ao invés de retomar o primado por competência, superação, tenta obtê-lo derrubando a quem os superou e se lamentando por não conseguir.

Para mudar, só com outra “atitude”. Podem começar em transformar em bônus o conceito que tem, e que faz com que o pelotense evite dizer de onde é. E não só no Brasil. Basta começar a usar a seu favor, essa imensa divulgação gratuita que se faz deles. Além de evitar as brincadeiras quanto a sua opção sexual, iriam criar muitas oportunidades de desenvolvimento, pois se existe um mercado consumidor, que não está sujeito a crises, é o do público GLS. E para Pelotas, ele está de “mão beijada” (mão, por favor!), basta comunicar que quer, que aceita servi-lo.

O momento para tratar do tema é propício, pois de um lado, tem realizado as mais bem sucedida Fenadoce da história. Conseguiram trazer até o Presidente da República – aquele mesmo que disse que eles exportavam veados – lembram? De outro, em São Paulo ocorreu a maior passeata GLS do mundo. Juntemos as duas coisas e façamos negócios!

O potencial é imenso. Sem grandes e onerosas campanhas, alguma criatividade, embalagens diferenciadas para os bons produtos que hoje já oferecem, desde seus doces, enlatados, indo para o turismo, congressos, feiras e exposições. E um pouco de agressividade comercial. Se o brasileiro em geral tem vergonha de vender, o pelotense mais ainda.

Certamente, algum dia, alguém transformará Pelotas e sua fama em negócio. Possivelmente seja “de fora”, enquanto os de lá vão ficar se lamentando. Mesmo assim, alguns benefícios terão. Estes podem ser muito maiores se uma das muitas associações empresariais de lá encampar o projeto. Aliás, outro fenômeno inaceitável – as associações, ao invés de se aliarem - ficam fazendo “concurso de beleza”, entre elas, diluindo o esforço que é feito. Bem coisa de pré-adolescente que fica competindo “quem tem o maior”. Depois não querem ser conhecidos pelo conceito que qualquer criança no Brasil sabe qual é...

Harry G. Fockink Mentor da Universidade do Churrasco, Empresário e Vendedor

2 comentários:

Anônimo disse...

Sou pelotense adotivo.Não nasci lá, sou do Arroio Grande( 80 km ao sul), mas minha formação profissional é de lá.No inicio dos anos 90 tentei convencer o prefeito a realizar campanha em cima de pequenos empresarios da Serra gaúca e do Vale dos Sinos.Atrai-los para Pelotas onde teriam área e isenção de impostos, talvez algum recurso de financiamento para começar.O que consegui foi fazer com que incentivasse pequenos empresarios a ocuparem a Estação Rodoviária num centro empresarial de confecções. Nem as tradicionais doceiras conseguimos convence-las a ocupar o mercado. Queria que no inverno produzissem chocolate com o slogan: quem faz o melhor doce, faz o melhor chocolate.Buscassem outra tecnologia na Europa para diferencial do caseiro de gramado.Em vão.Afinal tento convence-los a realizar um Pelotas o Forum Mundial GLS, assumindo a fama e ganhando dinheiro com ela.Prego no deserto.

Anônimo disse...

Quem sabe agora com Rio Grande disparando, quem sabe se repensam.

Aliás, vale entrevistar a pessoa que foi grandemente responsável por isso - dá uma boa pauta: Juarez Moliari!